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Tradicionalismo que sobrevive ao tempo

Do mate ao “Tchê”, a cultura gaúcha diverte os participantes dos CTGs em Cascavel

Priscila Zulin Colognese

 

Danças alegres, carne mal passada, mulheres bonitas e um povo feliz definem a cultura gaúcha. O tradicionalismo em que se conhece arte, crenças, costumes e hábitos do povo do Rio Grande do Sul, embora tido como um dos mais antigos no mundo, conquista o olhar e atenção de quem pratica e observa os festejos.

A cultura gaúcha é resultante de duas vertentes: a primeira com raízes dos povos indígenas, e a segunda é resultado da colonização europeia, efetuada por portugueses, espanhóis e mestiços originários de outras regiões do Brasil. A miscigenação inicial entre portugueses e indígenas dá origem ao que seria denominado “gaúcho”. A partir do século XIX chegaram então, ao Rio Grande do Sul, os grupos de imigrantes.

 

A cultura no Paraná

O professor de dança do CTG Rodeio da Tradição, Marcos Padilha, explica que o motivo do Paraná ser rico em tradição rio-grandense, é devido a maioria das cidades da região oeste do estado serem colonizadas por gaúchos. O Paraná fez parte do caminho dos colonizadores, quando os mesmos levavam as mulas, a lavoura e a produção do sul para o Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo. “Eles passavam por aqui e com isso, muitos gaúchos conheceram essa região e por aqui ficaram, trazendo com eles os seus costumes”, conta.

 O vestuário gaúcho é conhecido entre os participantes da tradição como “pilcha”. Quem vê um gaúcho o reconhece de longe. Os homens, também chamados de “peões”, vestem um conjunto específico de trajes: bombacha, uma espécie de calça frouxa; botas; camisa; guaiaca na cintura, cinto específico gauchesco; lenço no pescoço; colete e chapéu.

 

Cada  lugar da região  Sul tem suas particularidades quanto a cores, materiais e feitios, dependendo também das normas do CTG (Centro de Tradições Gaúchas)  correspondente. As mulheres, ou “prendas”, têm traje com regras específicas: vestido ou saia e camisa, às vezes acompanhado de casaco sobreposto, a barra da saia vai até o peito do pé, abaixo da vestimenta, acompanha ainda meia calça e armação, e na parte de cima da roupa não há decotes. As mangas dos vestidos ou camisas podem ser longas, três quartos ou até o cotovelo. Para o tradicionalista Gustavo Marcon, 18, a cultura gaúcha “é elegante e de respeito”.

A culinária gauchesca também é imensa. O famoso churrasco, arroz de carreteiro, chimarrão, costelão no fogo de chão, vaca atolada, arroz doce, sagu, cuca, entre outros pratos fazem parte do cardápio rio-grandense.

 

 

Os dançarinos

O  tradicionalismo tem como principal atividade a dança, seja de salão, nos bailes e eventos ou em rodeios e festivais. “Dançar representando o CTG é como estar no passado, porque mostro na dança as lembranças dos antigos”, destaca Heloisa Marquardt, 12, dançarina da invernada mirim do CTG Rodeio da Tradição, localizado na cidade de Cascavel.

Os indivíduos possuem a necessidade de pertencer a um grupo. A primeira instituição da qual o ser humano faz parte é a família, depois há vários outros conjuntos, como escola, associações religiosas, tradicionalistas, etc, que permitem o exercício da integração e de estar em contato com o outro.

O dançarino da invernada adulta, Marcon, faz parte do CTG Estância Colorada há quatro anos, e diz que é curioso cultivar a cultura gaúcha. Gustavo conta que cresceu com pessoas do Rio Grande do Sul, mas não teve contato diretamente com o tradicionalismo. “Quando comecei a gostar foi muito legal”, exclama o dançarino, e acrescenta que ao falar sobre, percebe que não é algo tão comum a ser seguido. “Você se sente importante fazendo parte disso”, diz.

Gilberto Rizzatti, 18, frequenta o CTG há 11 anos, e comenta que o principal motivo de se manter no tradicionalismo são as amizades que conquistou no decorrer dos anos enquanto dançarino. “O sentimento de pertencer a algo, e o da segurança, além das amizades, a vinculação, afeto, reciprocidade e amor”, promovem a permanência dos participantes na cultura gaúcha, explica a psicóloga Gislaine Genaro, 36.

 

O CTG Rodeio da Tradição que foi fundado em 1970 carrega 47 anos de bagagem cultural e histórica, assim como o próprio tradicionalismo que está no estado do Paraná há mais de dois séculos. “Para mim, é motivo de orgulho participar do CTG, pois o gaúcho é um dos poucos que cultivam a sua tradição”, comenta a dançarina Heloisa Marquardt. A importância de manter esta tradição está nas raízes ricas de conteúdo que são transmitidos, gerando conhecimento a quem pratica e preserva os costumes.  Para Gustavo Marcon, “O tradicionalismo gaúcho por mais antigo que seja, nunca vai morrer ou perder a sua graça”.

A dança é um forte instrumento cultural do tradicionalismo gaúcho. Foto: Vitor Miekzikowski
A tradição gaúcha encanta até mesmo as crianças. Foto: Vitor Miekzikowski
Os CTGs abrangem a participação de todas as idades. Foto: Vitor Miekzikowski
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