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Entre o salto e a chuteira

“Maria-chuteira” é o nome empregado às mulheres que mantêm relacionamentos amorosos com jogadores de futebol. O relacionamento amoroso tratado aqui é com o esporte, e “Maria chuteira” é o apelido carinhoso a ser dado às mulheres apaixonadas por jogar bola

Débora Bernardo

“Bola na trave não altera o placar. Bola na área sem ninguém pra cabecear. Bola na rede pra fazer o gol! Será que não tem mulher, sonhando em ser jogadora de futebol?”

A frase – adaptada – da conhecida música de Skank faz breve abertura ao esporte considerado “arte”. O futebol atrai muitas pessoas. Uma pesquisa sobre “qual é a maior paixão dos brasileiros” realizada pela Ambev (A Companhia de Bebidas das Américas) diz que de quase dois milhões de brasileiros entrevistados, 77% escolheram “bater aquela bolinha”, deixando em segundo lugar a cerveja e terceiro o carnaval.

Independente de cor, raça, nação ou gênero, a “arte de jogar bola” atrai, inclusive, as mulheres. No entanto, há rumores de que o futebol é considerado um esporte exclusivamente masculino. A desenvoltura mais rígida necessária para a atividade de contato físico leva algumas pessoas a crerem, que somente homens podem pratica-la com excelência.

 

DO OLHAR ESPECIALISTA

O fisioterapeuta Gilmar Sirvano explica que há uma diferença significativa do físico masculino para o feminino, principalmente no tipo de fibra muscular. “O tônus do homem geralmente é maior que o tono muscular feminino, o homem geralmente tem mais força que a mulher, pois geralmente a musculatura feminina é um pouco mais fraca e alongada”. Contudo, dizer que o esporte é somente “para homens” pode ser equivocado. O preparo e as complicações para quem joga futebol não diferem pelo gênero. Gilmar explica: “os tratamentos vão se basear em condições físicas do indivíduo, não em necessariamente se ele é uma mulher um homem”.

O Personal Trainer Tiago Soares diz que 90% das pessoas que acompanha e prepara treinos são mulheres. Ele explica que a diferença entre homens e mulheres é a escolha pelo físico. “Homens buscam maior hipertrofia em braços, costas e peito, ou seja, parte superior do corpo. Mulheres são o inverso, treinam a parte inferior – pernas e ‘bumbum’”.

No futebol, Tiago explica que exercícios específicos dos treinos femininos e masculinos são diferentes por envolverem cargas de peso, e acrescenta: “não vejo limitações entre as mulheres, podem treinar qualquer modalidade, há igualdade, talvez não na parte da força física, mas no fato de serem guerreiras pelo esporte tanto quanto homens”.

 

RELATO DA JOGADORA

 

Marcia Renatha Gomes Morais, 20, desde pequena desenvolveu habilidades para o esporte. Sempre participando de campeonatos escolares e até profissionais, ela conta: “quando eu era criança gostava de ficar brincando com meu irmão, foi aí que comecei a jogar”.

Por gostar de futebol, e o gênero esportivo ser considerado masculino, Marcia conta que passou por momentos negativos na vida. “Já sofri muito preconceito”, e relata que todas as meninas que gostavam de jogar eram consideradas homossexuais. A jogadora conta que a aceitação do seu gosto pelo futebol, foi difícil até por parte de sua família. “A maior negação foi da minha família, diziam que era coisa de ‘moleque’, demorei um tempo para mostrar para eles que todo mundo pode praticar”.

Atualmente Marcia joga o seu “fut” por lazer, mas não tira o esporte dos futuros planos: “penso em me especializar na área de treinamento no futebol, pois, já curso educação-física e consigo adequar”.

Marcia, acadêmica do oitavo período de educação-física demonstra o seu gosto como outras várias meninas que amam praticar futebol, e faz do seu amor pelo esporte camisa 10 do melhor time!

 

A VISÃO DELES

Marcos Ruiz, 18, é um dos atuais jogadores do time profissional de Cascavel PR. Ele conta que seu sonho pelo esporte surgiu por influência do avô, e que desde então se sente realizado atuando profissionalmente. Para Marcos, futebol “é de fato um mundo masculino. O homem quando criança foi ensinado a jogar, treinado, ele tinha o sonho de ser jogador, já as mulheres não, elas ganhavam bonecas”. E acrescenta: “tem que praticar, que ter a igualdade no futebol e também fora dele. Mulher praticando esporte é lindo e mais lindo ainda se for futebol”.

CURIOSIDADES

Se fossem pagos por gol, cada conversão da jogadora Marta (Time Feminino Brasileiro de Futebol) custaria R$ 12 mil, enquanto cada gol do Neymar custaria R$ 905 mil, pois, ela recebe o salário de 400 mil dólares anuais, já o jovem Neymar recebe 28,9 milhões de dólares. 

Empresas investiram cerca de 529 milhões de dólares para a realização da Copa do Mundo, enquanto o Mundial Feminino de Futebol teve um suporte de apenas 17 milhões de dólares vindo das empresas. 

Marcia Renatha praticando o lance conhecido como embaixadinha no vocabulário do futebol. A ação consiste no atleta controlar a bola com um ou dois pés, chutando-a repetidas vezes para cima sem deixar que ela caia
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