top of page
Em amostra americana da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, mais de 30% dos casamentos começaram na web
Homens também fazem uso de sites de namoro para encontrar uma companheira

Amor ao primeiro clique

De conversa casual a encontro e namoro, a web exerce forte influência nos relacionamentos modernos

Débora Bernardo

Os avós contam muitas histórias de amor dos “tempos antigos”. As narrativas são sempre com detalhes – desde o primeiro bombom de presente até os passeios – e a frase: “no meu tempo era assim”. Hoje vivemos a nova era nos relacionamentos amorosos: de bits e gigabytes.

Difícil imaginar em tempos modernos, de aplicativos de “pegação”, que nossos tataravôs tinham forte pressão familiar na escolha de seus companheiros. Muitos tiveram casamentos “arranjados”, os pais escolhiam com quem seus filhos deveriam se relacionar, e após trocar dotes, os casamentos aconteciam.

Com o passar dos anos a situação mudou. Os jovens passaram a se conhecer em bailes, cafés e piqueniques. Até aí, os que namoravam sério não tinham qualquer direito à privacidade. Os encontros entre os casais aconteciam sob o olhar atento dos pais da parceira. Nesta época, as serenatas embaixo da janela das pretendentes era o maior risco que se podia correr.

O aposentado Carlos Osmarim, 78, se recorda dos primeiros momentos de amor que viveu com a namorada. “Nós íamos ao cinema, chupar uva, visitar os nossos parentes, íamos passear com a minha prima [...] Os pais não deixavam as filhas saírem com qualquer pessoa, tinha que ir acompanhada de um irmão, ou então os pais mesmos levavam. Sempre tinha alguém conhecido da família que ficava junto quando a gente saia”, diz.

No início dos anos 90, a internet expandiu significativamente. Diversos sistemas e aplicativos, como o Messenger, nasceram e deram origem às novas formas de interação. Com o avanço da esfera virtual, tornou-se mais fácil conhecer e se comunicar, possibilitando inclusive os relacionamentos amorosos.

O Orkut, meio social que possibilitava inclusive a divulgação de fotos, foi responsável pelo avanço da interação pessoal. Logo, o Facebook tomou o posto de “cupido”, unindo muitos casais pela ágil comunicação que proporciona.

A cabeleireira Gilmara Colognese, 42, conheceu o marido pela internet. Ela se cadastrou em um site de relacionamento, e assim tudo começou. “Ele também era cadastrado nesse site, e pediu pra ser meu amigo no Facebook”. A história de Gilmara se tornou mais especial quando ela acessou o perfil do futuro marido, e descobriu que ele residia na Bélgica. “Eu vi ele lá no Facebook e pensei: ‘nossa, um cara da Bélgica!’ Como ele era brasileiro eu aceitei”.

Entre teclados e mouses, as histórias parecidas surgem. A tela do computador é a pista de dança dos Anos Dourados.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Vanessa Rufati, esteticista, 34, também iniciou o relacionamento pela internet. O na época “pretendente” havia voltado recentemente do Japão, onde residiu por um tempo. Ela tinha acabado de terminar um casamento que durou sete anos. Os dois estavam desimpedidos para apostar em um novo caminho, e um clique em um site de relacionamentos bastou para unir os interesses. O casal resolveu se encontrar e estão juntos há três anos. “Nós temos uma filha desse relacionamento. Em três meses de namoro eu engravidei e ele ficou muito feliz, pois nenhum de nós tinha filhos”, conta.

 

 

 

 

PERIGOS

Precaução é fundamental na rede

Os crimes na internet acontecem com frequência. Entre os principais delitos que acometem usuários da web, está a divulgação de material íntimo e a aplicação de golpes voltados ao interesse financeiro.

A cabeleireira Gilmara Colognese e a esteticista Vanessa Rufati tiveram resultados positivos ao conhecer os parceiros pela internet. No entanto, é necessário alertar sobre os riscos que esse tipo de interação pode oferecer. O fácil acesso que a internet proporciona aos mais diversos dados pessoais pode acarretar prejuízos aos usuários da web.

A esteticista Clarice Fonseca, 52, que já conheceu muitos amigos pelas redes sociais, destaca um dos riscos ao se relacionar pela internet. “Tudo fica registrado, qualquer um pode abrir o perfil da rede social e investigar a vida da pessoa”.

O medo dos efeitos da internet é uma maneira de proteção. Ao se relacionar pela web é necessário estar atento na escolha do parceiro e em encontros pessoais. “Os principais cuidados ao estabelecer relações virtuais são buscar conhecer o outro além das expectativas que se tem dele, saber o máximo de informações e interesses em comum”, alerta a psicóloga Mayara da Silva.

 

 

 

PRÓS E CONTRAS

Já dizia Tom Jobim: “Fundamental mesmo é o amor... é impossível ser feliz sozinho”. A frase de sucesso do músico poeta faz menção aos relacionamentos, hoje facilitados pelo mundo virtual. Porém, a distância e o contato direto podem atrapalhar o progresso dessa relação. “A conversa pela internet não tem diálogos longos”, diz a esteticista Clarice Fonseca.

Viver relações apenas virtuais é correr o risco de idealizar o outro. “É importante, em conjunto com as conversas digitais, existirem encontros reais. Um espaço de diálogo e escuta do outro”, afirma a psicóloga.

A forma de se conhecer e se relacionar mudou com o passar dos anos
Os botons são presentes de intercambistas estrangeiros encontrados em outros países
Nem as rodas de conversa anulam o uso dos celulares
bottom of page